domingo, 29 de janeiro de 2023

Fazer o que se deseja


 Neste dia eu decidi fazer o que quis, dançar uma música que tocava a minha alma e improvisar livremente. Foi meu último dia dançando no palco. Eu nunca fiz o que quis porque  me sinto inadequada, estranha e pensei que os outros nuncam iam gostar das minhas criações. Depois que faço o que não quero realmente me sinto mal. Isso é uma constante na minha vida, precisar de aprovação externa e sempre fugir do que realmente sou. Um abismo que criei, uma angústia do meu ser. De ser rejeitada novamente, porém também não me encaixo nos padrões aceitos. Um ping pong de não tenho lugar algum nesse mundo. Depois desse dia com uma grande quantidade de alunas, mas com a alma ferida por tanto desencontro eu decidi parar de dar aulas. Me sentía não merecedora do que estava criando. Quanta punição contra mim mesma. Mas esse vídeo, essa dança, me lembram de mim, de uma parte que recupero, da força do meu espírito. A Lilith em mim. Esse dia eu estava inteira e depois me despedacei. 

sábado, 28 de janeiro de 2023

Salvar a si mesma


 Hoje terminei o livro da escritora portuguesa Rosa Leonor Pedro, Lilith, a mulher primordial. Coloquei ele sobre meu peito tão magoado, a agradeci por Lilith, pela Rosa, pela minha vida. Já chorei por tantas partes renegadas em mim, por ainda não conseguir ser eu mesma, por não ter tido um mãe que acolhia, protegía, amava, dava colo. Por ser uma  mulher quebrada que aprendeu a duras penas e fantasias a sobreviver sem amor, sem lugar. É o começo da minha jornada até mim. Até agora o que fui foi para ser amada, eu não morri por dentro por insistir que devia haver algo a mais, mas caminhei como a medicina do coyote, de trapalhada em trapalhada, colocando fogo no próprio rabo e culpando as circunstâncias. A responsabilidade é minha, só minha, tenho que admitir que neguei muito que vivi em uma família disfuncial, que a culpa era minha, pela minha sensibilidade, pelo meu olhar para o mundo, para onde não havia status e glamour, ou sucesso. Até hoje não acredito no meu sucesso, fui tão ridícularizada pelos meus e pelas pessoas que atraí, que já acreditei que não posso ir enfrente com o que eu gosto de fazer. E pois bem acho que não sei do que gosto de fazer porque usei as religiões, terapias, dança, vidas passadas para sobreviver. Cresci onde não se podia sonhar nem amar. Onde mulher que faz sexo e gosta, é puta. E jamais, nenhuma mulher pode ser mulher, cresci com o ódio da minha avó pelas mulheres, inclusive fazendo sua própria filha de bode expiatório e sua neta invisível. Eu fui catando o que podia, desde confetes no chão, porque não compravam para mim no carnaval desde fazer amizades com mulheres mais velhas para cuidarem de mim, ou ter um pouco de acolhimento. Sim, desde cedo quando percebi que não tinha mãe (que só agora assumo isso), eu aprendi a me virar sozinha e ajudar aos outros para ser amada. Eu não sei ser ajudada, faço de tudo para não depender. E agora como mãe, renunciei o mundo lá fora, para estar com minha menina. Mas dependendo financeiramente, e isso me mata. Não sei viver assim, parece que estou presa de novo com a família que acreditei que era boa pra mim, mas só me anulou e invalidou. Eu tentei salvar todos, mas quem precisa de salvação sou eu. Somente eu posso salvar a mim mesma. Mas eu tenho dependência emocional, eu preciso de pessoas, não sei ser só e não poder ajudar. Foi assim que sobrevivi. Com meus cafés e docinhos para amortecer a carência. Com meus estudos, meus livros...

E agora? Que estou somente eu e minha menina? Nosso amor, meus medos, meu perfeccionismo, minhas falhas. Eu não sou perfeita, mas não consigo ir enfrente sem as condições adequadas, por isso até agora não me realizei em carreira. Carreira é algo muito frio, e eu só recebi frieza. Então misturo minha necessidade de amor e conexão, e saio dos empregos, encerro meus projetos porque necessito de aprovação...tudo dá sempre errado, ou eu mesma busco que dê errado...eu procuro conflito, cresci com conflitos, mentiras, manipulação, maldade...eu lutei muito contra isso, em vez de descansar no amor, tenho problemas para descansar profundamente, sempre vivi situações estressantes.

Eu salvei a mim mesma, eu tenho que reconhecer e admitir. Eu bati em muitas portas, pessoas, lugares, conhecimentos, o que fosse para entender o que me passava. Já tive vários cortes de cabelo e cores, roupas para procurar minha identidade e sempre acabava me sentindo inadequada. Alguém me abandonava ou me rejeitava. Minhas amizades sempre indisponíveis para mim. Foi o que vivi, é só o que sabia encontrar. Hoje me sinto culpada de ter tentando através da minha filha nos primeiros meses que eu fosse amada através dela, por uma família que não dá a mínima pra mim. Eu sobrevivi a uma família inteira sem nenhuma empatia. Eu sinto a dor do outro, mas eu esqueci de mim, eu sabia que não podia existir e por isso me tornei essa angústia toda. Eu existo!!!! Eu tenho necessidades, eu posso ser inteira. Lilith me arrastou para mim mesma. Minha busca me fez encontrar a Rosa e seus escritos. Lilith me acompanhou no meu parto, pois eu ingênua acreditei que minha filha podia também curar minha família doente e hoje sei que só eu mesma posso me curar. Porque nós mulheres temos tanta dificuldade de deixar o que nos faz mal? Lilith me morda, me arranca a pele...porque eu tenho medo de um futuro de amor para mim? Sem conflitos? Porque vivo buscando pessoas que não me dão a mínima? Porque ainda aceito abusos? O que me falta Lilith. Eu tô meio morta ainda, minha outra parte está viva por minha filha, essa menina poderosa me resgatou. Ela merece ser só menina, criança, amada, acolhida!!! Ter o espaço livre para ser inteira e ter sei poder admirado. Até disso eu estava com medo, como fizeram comigo!! Eu e minha filha temos e podemos juntas ser poderosas, poder do útero, da alma, de pensar por si mesma. Me abençoe Lilith!

Há muito pela frente, há muito amor pela frente, eu estou lutando a cada 5 min pela minha liberdade. Que eu aceite o meu papel de transformar minha história, fazendo um novo caminho, que eu não tenha medo do fogo.



terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Luto por nunca ter sido amada



Comentário a um artigo sobre avós narcisistas, onde uma mãe se arrenpia de ter permitido contato 

 Sou filha de mãe e pai narcisista. Tomei consciência disso cerca de um mês. O nascimento da minha filha tem me feito olhar para os lugares mais doloridos de mim, que foi buscar o amor dos meus pais, ambos se encaixam no transtorno. Eles se separam a uns 2 anos e eu vim morar mais perto deles e desde então tenho sofrido muito como era criança, eu havia negado que ainda estava ferida, busquei muitas terapias holísticas, oração do perdão, constelação, mas nada disso ajudou no vazio e na tortura que é minha relação com minha mãe. Meu pai sempre foi ausente, ele tbm é narcisista, meu irmão tbm caminha por aí e eu mesmo agora penso que possa ser. Eu tenho empatia, eu sofro, eu sempre quis salvar a todos. Hoje já não sei quem sou, mas estou preparada para me afastar e reconstruir minha vida aos 31 anos. Nunca fui amada, cheguei a pensar que fui, mas minhas duas famílias de pai e mãe são disfuncionais. Minha mãe sempre me fez acreditar que o meu pai tinha problema e a família dele e a dela não. Dói mas é muita gente fria e sem amor. Eu compreendo, mas não preciso tentar salvar ninguém, eu preciso me salvar. E eu e minha filha precisamos seguir em frente. Ela me salvou, fez eu acordar e olhar o que estou repetindo. Minha gestação foi tranquila até um certo ponto, por intuição consegui me afastar dos meus pais e as poucas vezes que sedi foi um desastre, fiquei mal, tive até contrações, febre (pobre da minha menina), meu pai me manipulou para me ver perto do meu aniversário (onde eles sempre tinham brigas de separação), depois disso fiquei super mal. Não queria de jeito nenhum ver eles no nascimento da minha filha, mas por mim aconteceu e eu ingênua avisei meu pai que apareceu disse que logo tinha que ir para buscar a enteada. E depois fomos para o apto da minha mãe que tentou "ajudar comprando coisas" e invisibilizando meu parto e minha recuperação. Foi tudo horrível e uma mágoa enorme e confusão. Ingênua eu acreditar que o nascimento de uma criança ia mudar alguma coisa. Depois fragilizada no pós parto e amando meu bebê fui agradando eles e minhas avós tbm narcisistas. Cada visita um cansaço, um desgaste e até ataque espiritual ( sou medium e um canal de dor, imaginem o tamanho de sofrimento). Com o meu pai rompi há 2 meses, mas ele passa por cima disso e da minha mãe há um mês quando apareceu na minha casa sem avisar (ela nunca fez isso, mas como avó, me descartou totalmente como filha e ignora o que peço e falo). Ela dá presentes que eu não gosto, nunca me escuta e usa todo o tipo de manipulação agora que tenho uma filha que é a forma que encontrou de preencher o vazio da sua vida. Mas eu não permito mais ser usada e manipulada e querer salvar ninguém. Só a mim mesma. Dói muito, o processo de luto, que você humanizou sua família achando que o problem era você por ser emocional de demais, por sentir, por querer saber o que estava errado. Dói saber que você por criação também manipulou as pessoas, porque você é dependente emocional, que atraiu muitos narcisistas, é um cansaço sem fim. Chegou a hora do basta, por mim, pela minha filha, pela minha família. Durou seis meses da vida dela e não será roubado mais nenhum dia. É um processo, cada uma sabe o quanto isso nos feriu e nos fere, mas temos força nós que sobrevivemos, nós que sentimos, nós que fomos anuladas, invalidadas. Eu não sei quem eu sou, e isso é uma sensação horrível, eu era arrogante e achava que sabia!!! Mas eu acredito na mudança, chego no fundo do poço e dou o impulso para reconstruir minha vida!

Resposta a este artigo: https://verdadeditablog.wordpress.com/2016/11/25/avos-narcisistas/

domingo, 22 de janeiro de 2023

Aonde fui parar?

 




"E entre meus remendos me faço inteira.
Bordei sorrisos onde doía, costurei as feridas abertas e, de retalho em retalho, fui tomando a forma que tenho.
Tudo foi importante. Tudo teve sua função. E hoje me visto de felicidade e gratidão."

Rachel Carvalho


Crescer como uma mãe e uma família como minha é descobrir, enxergar, abrir os olhos um belo dia e perceber que o que contaram sobre você e suas memórias da infância são mentiras e foram manipuladas. É saber que você teve que enfrentar tudo sozinha, desde quedas na infância como um machucado no joelho a um abuso sexual. É ter todas as fases da sua vida roubadas, distorcidas. Seu aniversário? Motivo para separação e todas as confusões e conflitos possíveis jogadas neste dia, e até hoje é um rio de lágrimas e dores esse data. Não há o que comemorar...Suas vitórias? Incomodam, você não pode ter sucesso, você não pode ser nada além do que querem pra você...

É crescer tendo que ser perfeita, ter uma letra bonita, obrigada a escrever em caderno de caligrafia, obrigada a tirar 10 em uma prova na primeira série e se você não tirar, a professora é manipulada pra você refazer a prova. Porque você não ligou bem os pontinhos, porque você fez do seu jeito e seu jeito não é permitido.

E ganhar uma bicicleta de adulto quando você tem sete anos, é sofrer um abuso e não poder contar aos quatro anos pra sua mãe e avó, porque nessa idade você já internalizou que não iriam te ouvir ou te acolher. 

É crescer engolindo todas as mágoas, dores, sufocando tudo, da cada mínima necessidade desde a mais básica a questões emocionais profunda você saber que tem que enfrentar tudo sozinha ou escutar é "só uma fase vai passar", "você está inventando coisas", "você é muito emocional", "sonhadora", "não é centrada", sim não sou, porque o centro são todos eles...

Tudo que eu acreditei sobre mim e arrogante cheguei a me achar melhor que as outras pessoas, foi distorcido e era mentira. Sim, eu vivo uma crise existencial, mas esse é de verdade, por isso não vou me jogar de nenhuma ponte, essa informação me chega porque estou preparada e minha vida está mundando.

Nasci menina, medium, sensível, usei a arte e as vidas passadas para lidar com um ambiente familiar tóxico que sempre jogou a culpa em mim, desacreditou meus ataques espirituais e o quanto toda a dor que me causaram era ampliada pelo meu lado sensitivo. Sim, uma tortura que por 31 anos neguei, achando que o problema foi sempre a minha personalidade, a raiva que expressava quando já não aguentava mais por tanta negligência e abusos emocionais, por nunca poder falar o que sentia porque minha mãe sempre vítima, me anulava nas minhas reais necessidades, e em troca me dava coisas materiais, as quais sempre me fizeram sentir um vazio enorme.

Hoje descobri que meu cansaço não é espiritual, é anemia autoimune e vampirismo emocional da minha mãe e pai que no momento mais lindo e divino da minha vida, meu parto, continuaram a fazer o mesmo de sempre, empatia zero e me trouxeram mais conflitos. Sim, nós filhas de pessoas assim, fazemos isso, eu tentei evitar que nos encontrassemos nesse momento, mas não pude, eu estava no hospital e precisei deles. Nós repetimos esse padrão doentio, como uma síndrome de Estocolmo, porque assim fomos criadas, acostumadas a sermos inválidadas, e nossas necessidades negligenciadas para dar espaço para eles, no meu caso pai e mãe, narcisistas. E isso já havia me acontecia aos 8 anos, onde fiquei doente no hospital e eles não forem me acompanhar. Cada um tinha outro compromisso importante. Não sou vítima, por mais que acreditei nisso, como diz uma mulher "nós seres de luz somos feridos", sim somos feridos porque podemos nos curar...

Mas para isso temos que acolher nossa dor, nossas sombras, ferimos também, magoamos, também, repetimos esse padrão com outras pessoas, mas não temos esse transtorno, porque decimos nos erguer, e falo isso para outras mulheres que passaram por isso e agradeço pelas que se afastaram da sua família e vivem uma vida saudável, obrigada pelos seus relatos, pela sua coragem em escolher a própria vida. Hoje minha mãe faz aniversário, e decidi me afastar dela já vai completar dois meses. Me peguei querendo contatá-la, afinal foi o dia que nasceu. Mas lembrei que qualquer contato pode ser como uma bomba relógio e um recomeço de uma série de abusos. Porque lembre-se ela não tem empatia, nada muda e todas as datas comemorativas foram uma tortura, uma confusão, intrigas, tristeza...sinto muito mas vou fazer algo que já deveria ter feito a muito tempo e te decepcionar. Sei que vou me tornar uma vilã, e que você vai falar mal de mim para todos. Mas não importa, mesmo assim te amo. E escolho te amar, tendo uma vida saudável. Eu sigo em frente, e você segue com as tuas lições.

Por mim, que nunca me escolhi, que nunca cuidei de mim, que fui um lata de lixo de todas as neuroses da família, amigos e outras pessoas. Eu me salvo, eu me MATERNO, eu sou mãe da minha filha, eu sou a melhor pessoa para mim mesma e penso por mim mesma. FELIZ NOVA VIDA, cada nascimento de minha ancestrais é o meu mesmo. Bem-vinda a mim mesma. Me amo e amo todas vocês mulheres, sobreviventes, fortes, frágeis, cansadas com suas doenças autoimunes, no pior momento sempre tivermos nós mesmas, que nosso amor nos cure e que se expanda a outras pessoas. Te amo. 




terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Sou MULHER Sim!



De Aragão Elishaim via Rosa Leonor Pedro


Da minha história e das histórias de mulheres que ouço todos os dias…

Do esforço que fazem para serem dignas de um relacionamento , das represálias arcaicas que ainda são alvo por serem sozinhas e com filhos , das próprias artimanhas que elas criam e inventam para sobreviver … de que é feito este desgosto e peso histórico(?) 

De que são filhas mal amadas, mulheres não respeitadas , profissionais não reconhecidas , a menos que usadas ou vinculadas ao serviço e ao proveito de alguma companhia ou  órgão patriarcal de poder.

Ficando elas ,sempre , polarizadas ou masculinizadas , para fazerem frente á abrupta batalha ou submissamente limitadas ás suas características femininas , como cozer, cozinhar , cuidar , bordar…

Nesta batalha , nesta travessia ,somos ainda alvo de uma tremenda violência e inquisição social, e isso está implícito nas histórias de todas e de cada uma de nós.

Do  que fazemos para sentir algum do nosso poder ou dignidade para nos permitirmos a receber a receber da vida.

Ainda que conscientes e algumas patriarcalmente intelectualizadas , racionalizadas , dormentes e dissociadas do físico e apenas polarizadas na expeculação mental, do que ainda não foi integrado, incorporado e vivido no corpo e no dia a dia…

Poucos recursos , escassos apoios e pouca informação e nenhuma sensibilização , ainda que com mulheres á nossa volta , o apoio é subjectivo, frágil e permeável a fáceis julgamentos …

Vai ainda ,a procissão tão no adro, socialmente , culturalmente, profissionalmente…

Há uma necessidade tremenda de um trabalho feito com e para mulheres …

Ainda marginalizadas , sob vários contextos , estamos ainda tão polarizadas e sem respostas, sem saídas , nem apoios concretos e práticos .

Talvez pelas nossas infâncias , talvez por uma história arcaica plasmada no ADN das nossas células , talvez pelo culto constante de ostracização de que somos alvo e não nos dá outra saída senão a de vítimas ou dominadoras implacáveis .

No terreno, diariamente , socialmente não há nada…

Há crenças … de que não conseguimos mais , nem melhor, há crenças de que temos que nos sujeitar ,há crenças sobre o medo e a retaliação 

Há crenças sobre a retaliação e o desmerecimento .

A culpa e o medo que corre ainda nas veias de todas nós , sob pena e julgamento da guilhotina social e até de umas para as outras, e isso não difere das atitudes, movimentos e funcionamentos ainda assentes no machismo .

Há Deus e presença em luz além da crueldade sob o proveito dos egos(?!)

Cultura ainda assente nas vozes de amigas e familiares “ girl you gotta love your men” ( já cantava Jim Morrison , Que sem lhe apagar as qualidades poéticas , caracterizava um narcisista misógino)

Invés de compreensão e irmandade… me foi devolvido inúmeras vezes “ és demasiado inconveniente , excêntrica , intimidatória , carismática … tens que entender que os homens, as mulheres …não se sentem confortáveis …” está foi também a grande justificação , para que tantas vezes me limitasse , amputasse e fizesse por caber em espaços e conceitos alheios…

Hoje compreendo um dos meus maiores desafios e processos pessoais , aceitar o que sou e como sou e aceitar tudo o que eventualmente provoque ou que os outros sintam, isso não faz de mim , menos mulher ou má pessoa, apesar de tantas vezes me quererem fazer crer.

E da minha história , muitas idênticas em que algumas mulheres sofrem abusos, não apenas de homens mas de outras mulheres, a maioria até próximas , irmãs , amigas , familiares … do quanto nos é vendida a fantasia , enquanto crescemos que a presença de um homem e um romance contribui para a nossa realização e êxito , tudo isto fruto de uma sociedade , culturalmente dissociada de valores e princípios mas apoiada em movimentos e vontades machistas

Há também terapeutas e psicólogos iluminados , que devolvem o senso de responsabilização ás mulheres , cujo o padrão alimenta , quer abusos , quer agressões alheias , falam desta autoresponsabilização , como consciência … e está tudo certo, desde que culturalmente , socialmente , familiarmente , nos fossem dadas ferramentas de consciencialização , princípios de dignidade, auto respeito , invés de nos serem vendidos romances e novelas , invés de ostracizadas socialmente ,as mulheres que estão sozinhas ou até acusados e difamadas,porque escolheram dizer “ Basta”.

As mulheres , algumas , as que despertam , as que se procuram( e não estou a falar de movimentos de elites e da moda new age espiritualizados, falo das que buscam o caminho de regresso ao seu coração ), todas nós ,com feridas e dores por sarar, (como todos , os que estamos nesta passagem, nesta dimensão e neste planeta)… estamos ainda sozinhas, com muito poucos recursos de apoio , concretos e práticos e pouca informação , ainda sozinhas e as vezes com filhos em braços , carreiras e estudos que fazemos por cumprir, enquanto cuidamos da casa e porque algumas de nós , não por cobardia ,mas por coragem, colocamos limites nas nossas vidas .

Ainda somos alvo de mesquinhice , intriga e desdém em meios sociais, por amigos , vizinhos , ainda chantageadas profissionalmente , na ansiedade que o nosso solo se torne firme e seguro mas tantas vezes ainda reduzido e ameaçado 

O mundo apresenta se machista e misógino em vários contextos e cenários. Para os homens , maioria deles ,somos alvo de troça, porque ao longo de séculos e perdidas na corrente , ainda perdemos tempo a atirar bolas de cócó umas ás outras, á espera que um homem… um “ pai” nos venha dignificar a presença no mundo.

Observo inúmeros filósofos e teóricos que salientam máximas , dizem uma coisa mas fazem outra, ou falam sem experiência vivida, e a verdade é que as mulheres , tantas e tantas com profundas qualidades e potenciais, ainda tão longe umas das outras , vendidas e compradas em verdades elitistas da nova era e agora do novo mundo… 

E que me poupem, porque ainda não se diluíram os valores e poderes do “ velho mundo “ , já estão a criar elites e valores do “ novo mundo” , alimentando mais do mesmo ,noutra roupagem, poder , estatuto e gratificação … não é isto mais do mesmo (?!)caracterizados nos traços narcisicos e psicopatas(?)

Uma visão dourada e marketizada de uma mentalidade da idade da pedra, disfarçada de muito consumo, informação desnecessária , deboche e vómitos especulativos , mantendo imagens ,stories de romances mal paridos , intervenções estéticas , e sítios “ in” obrigatórios … tudo o que possa ser reunido para que aparentem uma imagem de sucesso, das suas ( maioria das vezes , tristes e escassas ) vidas 

Isto para não falar , que não basta a confusão entre a mente e o coração e os corpos desalmados ,desta moda sem género para servir agendas poderosas machistas , narcisicas e misóginas …

Não falo de prazer , amor ou de como as pessoas exprimem os seus afectos, mas da especulação ostensiva sem seleção ou análise deste conceito andrógeno a servir a perversão e corrupção do género e alimentar a esterilidade para cumprir uma agenda psicopata .

E o exagero de opiniões mais do que a capacidade de ouvir … ouvirem se a si próprias e ouvir com compaixão as outras .

Ainda andamos á pedrada com valores e direitos humanos, já estamos a pensar  que queremos mudar de sexo , para fazer ajustes ás agendas psicopatas, narcisicas , machistas e misóginas dos poderosos que controlam o mundo.

Sou mulher, SIM! 

Com todos os defeitos e qualidades , com todas as instabilidades e sincronias femininas, a pagar todas as facturas com impostos acrescentados da condição humana e género que a minha alma escolheu nesta encarnação … 

Nada tenho contra os homens ou a energia masculina , apenas desmoralizada com os valores priorizados e do tanto que se adaptam , abusem e permitem a falta de senso, apoio e união feminina 

#pelasmulheres

#mulheresemreconstrução

sábado, 14 de janeiro de 2023

Filhas de mães narcisistas




“Nós, filhas de mães narcisistas, temos muitas questões resultantes da convivência com este estilo de vida enlouquecedor. Creio que viver com uma mãe narcisista é possivelmente uma das formas de abuso mais horrendas que uma criança pode sofrer, porque dependendo de onde essa mãe esteja enquadrada no espectro do narcisismo, tudo pode ser tão sutil que nem percebemos que estamos sendo vítimas de abusos.

Como um dos membros do fórum escreveu tão eloquentemente:

“Por mais que as filhas de mães narcisistas sejam diferentes entre si, e que suas situações, idades, e memórias variem, o grau de seu sofrimento, e o desejo de desabafar as consequências de terem sido criadas por mães com esse tipo de distúrbio mental, são universais. Trata-se de uma abnegação da alma, e eu diria que o estrago que isso causa é mais pérfido do que aquele que ocorre em outras formas de abuso infantil.

Esse abuso é completamente invisível para todos, incluindo o abusador (que na maioria das vezes não consegue ver o que está fazendo) e sua vítima (porque isso é só o que ela conhece). O mal que ele causa é onipresente, perverso, dolorosamente injusto e mutilador.”

Eu certamente não sabia que este abuso estava acontecendo. Quando a minha irmã de 15 anos saiu de casa e foi morar com um vizinho e depois saiu de vez de casa aos 17 anos, tudo o que eu podia pensar era: “Mas qual é o problema dela?” Nunca me ocorreu perguntar de onde teriam vindo a minha própria depressão, tentativa de suicídio, pensamentos suicidas constantes, e problemas alimentares.Nós simplesmente internalizamos o estresse, e pensamos que somos nós que estamos erradas, que nós é que somos horríveis e que talvez até estejamos malucas.

Isso ainda é reforçado pelo fato de que nossas mães narcisistas e nossos “pais possibilitadores” (cúmplices e/ou omissos) nos dizem que nós é que estamos loucas! Talvez isso não seja dito em palavras, mas todas as vezes que eles mentem e negam (“Gaslight”), dizendo que nossas memórias e emoções estão equivocadas, eles efetivamente estão dizendo que estamos loucas.

Na ultima vez que conversei com minha mãe, ela me disse de forma condescendente, que eu tinha uma imaginação muito fértil, sugerindo que eu havia imaginado tudo aquilo que estava lhe dizendo.

Talvez a gente pense que nossas mães nos amem, porque é isso o que elas nos dizem, e nós não conhecemos outra coisa para perceber que normalmente o amor não se manifesta desta forma: desvalorização astuta, invalidação, e negligência. Além disso, a cultura nos diz em alto e bom som, repetidamente, que nossas mães nos amam e que nós temos que amá-las. Por causa disso, nossos amigos não entendem, e nem podem entender nada disso, o que torna tudo muito solitário…e nós acreditamos que nós as amamos porque, bem… é isso o que as filhas fazem. Como meninas normais amorosas nós desejamos amar.

Essa herança de ter sido filha de uma mãe narcisista simplesmente se perpetua. Ela já me foi amargamente descrita como “o gotejar de um veneno que nunca cessa”. Nós sentimos que não podemos ser o nosso eu autêntico/verdadeiro, mesmo que tenhamos conseguido descobrir quem esse eu verdadeiro é.

Nós sofremos com baixa auto-estima, às vezes até o ponto de nos detestarmos, e nós lutamos para cuidar bem de nós mesmas. Nós certamente temos dificuldade para gostar de nós mesmas, e tudo isso fica evidenciado pelos nossos diálogos internos negativos. Nós podemos acreditar que não temos o direito de existir, e certamente sentimos que nunca somos boas o bastante, que não somos aceitáveis, e que em algum nível bem profundo nós somos inerentemente defeituosas. Nós estamos sempre nos sabotando, ou nos sobrecarregando com um perfeccionismo impossível.

Embora possamos nos sentir eufóricas quando descobrimos sobre o Transtorno de Personalidade Narcisista, quando percebemos que nós não estávamos “malucas”, esse sentimento pode ser rapidamente seguido por raiva, pesar, dor, perda, tristeza, vergonha, culpa, e até mesmo ódio.

Nós estamos cansadas de ver nossos sucessos serem desvalorizados e as nossas tragédias serem utilizadas como suprimento narcísico pela “rainha do drama”. Nós talvez sempre tenhamos nos sentido como uma garotinha, e provavelmente temos medo de nos apropriar ou de acessar o nosso próprio poder. Isso também faz com que nos sintamos impotentes. Durante anos escutamos que somos “sensíveis demais”, e talvez agora, realmente sejamos.

Nós temos dificuldade para estabelecer limites, seja com a nossa própria família ou com os outros. Talvez nós tenhamos um medo exagerado de figuras de autoridade, ou de pessoas se zangarem conosco. Nós nos preocupamos com a possibilidade de que também sejamos narcisistas.

Nós podemos ter questões com o nosso corpo, seja por estarmos acima do peso, ou por ficarmos com medo de engordar. Nós ainda podemos sentir muito medo das nossas mães, não importa a idade que tenhamos ou quão assertivas sejamos em outras áreas de nossas vidas. Nós podemos descobrir que ainda estamos, em vão, tentando conseguir a sua aprovação, e a sua atenção.

Nós podemos querer limitar severamente o nosso contato com ela, ou até mesmo cortar qualquer tipo de contato, mas nos sentimos culpadas e confusas à esse respeito. Nós sem dúvida temos dificuldade de formar relacionamentos, ou talvez sejamos atraídas por relacionamentos abusivos e doentios.

Nós temos um medo constante de abandono, e sérias questões com a confiança. Nós carregamos um sentimento persistente de que o mundo não é seguro. Nós também temos imensas questões relativas à merecimento. Lá no fundo nós podemos sentir que não merecemos coisas boas, ou bons relacionamentos, ou mesmo que não merecemos nos curar.

Nós também podemos ter crenças limitantes (inconscientes) que digam que se nos curarmos ela terá se “safado”, ou de que sermos infelizes é a prova de tudo o que nos aconteceu.

Muitas filhas de mães narcisistas tem uma enorme dificuldade em falar de coisas boas a seu próprio respeito, e de celebrar os seus próprios sucessos. Nós sem duvida temos crenças negativas. Elas variam de mulher para mulher mas poderiam ser coisas como: não é seguro ser bem sucedida, ou eu tenho que ficar quieta para não criar problemas. O problema com essas crenças é que frequentemente elas são tão profundas que nós nem sabemos que elas estão lá – mas elas estão atuando em nós, frequentemente arruinando as nossas vidas.

Nós podemos sentir o peso de ter que manter os “segredos da família”, e nos sentimos culpadas e envergonhadas sobre eles. Nós ficamos divididas entre cortamos todo o contato com nossas mães ou em termos que lidar com elas regularmente. Nós podemos duvidar da nossa capacidade de ser mães quando chega a nossa vez”.

Por Danu
Tradução e adaptação do original por Silvia Rawicz
Original: “Daughters of Narcissistic Mothers”
Fonte: http://www.daughtersofnarcissisticmothers.com/


quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Nascer e ser mulher

 Nosso mundo está fora de controle,  a sociedade está em colapso e cada dia parece que tudo piora. O caos está sendo instalado em todos os países e no Brasil está começando uma nova etapa, da qual é melhor não falar. As agendas estão aceleradas e o despertar espiritual também, para quem acordar. Os sinais estão aí, é muito dura a realidade, pois as polaridades estão extremas e temos mudanças aceleradas em todos os ámbitos. E como ficam nós mulheres? Além de toda dominação sobre o feminino por milênios neste mundo que conhecemos, a matrix feminina que nos divide, a nossa cisão que a autora portuguesa Rosa Leonor Pedro nos traz como nossa ferida original e a necessidade de sermos mulheres inteiras para poder prosseguir nossa caminhada e identidade. Sim identidade, não a que está sendo implantada pelos homens que governam o mundo para destruir a humanidade, com todos seus dispositivos e controle da mente. Para mim, nós mulheres somos a mais afetadas neste sistema, desde o útero de nossas mães já sofremos com programas instalados na psique feminina sobre como vamos atuar nesse mundo. Porque nossas mães também estão divididas, em conflito consigo mesmas e outras mulheres. Entre as duas Marias, a virgem e a pecadora, entre a boa esposa e a amante, entre a moça comportada e a desajustada. E sei muito bem que para ser rejeitada e maltratada é só dizer o que pensa e não agradar. E são inúmeros os rótulos que colocam sobre nós se não seguimos os roteiros que nos deixam disponíveis para poder viver em um corpo feminino feito para servir ao homem e ao sistema. E agora além do feminismo que nega nossa mais profunda essência feminina, essa que temos que fazer uma viagem para dentro de nós mesmas para cada uma a sua maneira resgatar o que nos foi tirado pelos controladores do mundo (todos homens), temos ideologias que estão novamente assombrando a humanidade e da qual as mulheres desconectadas, perdidas nesta loucura, acolhem, como tudo acolhem com amor, porque é aí que nos usam, usam a capacidade de amar da mulher. Mas acredito que são nocivos os efeitos desta ideologia e nos afastam novamente do nosso caminho que já é árduo. E me perdoem, mas eu frequentava uma roda de "gravides" e por favor, parem de fazer isso. É nossa natureza parir, receber em nosso ventre um ser humano, ser canal para as energias do céu e da terra. Só existem grávidas, essas mesmas que agora o governo da Ucrânia se aproveita dessas ideologias para enviar a guerra pois está faltando homens para servir e o mesmo, cria um projeto de lei para que no futuro se crie seres humanos a partir de úteros artificiais. Sim estamos vivendo essa insanidade. E sigo pensando que só falta esse domínio do nascimento para sermos descartadas. É para isso que viemos para cá? Negar nossa essência feminina, nosso espírito e permitir que nos transforme em qualquer coisas até não sabermos o que somos e permitir algo tão anti natural? É triste, eu me revoltaria, como assim vim para este mundo para andar na contra mão, mas só sinto tristeza...

Abaixo a lucidez da autora Rosa Leonor Pedro sobre o assunto:

"A MULHER NASCE MULHER!!

Estava a pensar na diversidade das mulheres (sobretudo mulheres que visitam este mural) e nas diferenças de ideias e crenças e sentimentos que nos animam e tantas vezes opostos e contraditórios ou mesmo antagónicos sobre a politica ou sobre a religião, mas que se No Fundo soubessemos o que nos une e nos identifica, A EVA MITOCONDRIAL, estariamos muito mais focadas num objectivo que é a nossa consciência FEMININA e do que é verdadeiramente SER MULHER em si. Que não há religião nem filosofia que nos defina nem escritores - homens ou mulheres - que nos digam, nem DICIONÁRIOS que ditem o que é SER Mulher. Porque só a Mulher em si e consciente de si e da sua natureza intrínseca, pode e dever definir-se de acordo com a sua ESSÊNCIA, a sua intuição, o seu instinto selvagem, o mais puro, os seus genes e não alguém que defende ideologias contra natura e contra a identidade biologica de uma mulher verdadeira. 

Nós não somos apenas animais que obedecem a sua natureza e os seus apetites básicos e primários, mas seres espirituais capazes de discernimento e liberdade de pensamento. Nós temos coração e emoções, seios, utero e ovários. Isso nos torna e faz mulheres, faz-nos NASCER MULHERES...e não há nomenclaturas nem ideologias que possam mudar a nossa verdade biológica e espiritual. 

Nota: 

A definição recente, abaixo na imagem é arbitrária, tendenciosa, e de cariz marxista e anti-natura, visa a anulação da identidade da Mulher e nega o principio da essência-espiritual, e da natureza divina dos seres humanos. Tanto o marxismo como o existencialismo NEGAM A REALIDADE DO ESPIRITO..."


sábado, 7 de janeiro de 2023

De menina à mãe


 Somente agora sendo mãe e mãe de uma menina que consigo compreender melhor algumas partes de mim e da minha ferida de menina e agora da minha ferida de mulher. Sim de mulher, pois assim que me tornei mãe pude enfim sentir que iniciava minha jornada como mulher. Ao parir a minha tão desejada menina, que já me aparecia em visões e com sua energia me fez me afastar de tudo e todos que ainda restavam na minha vida. E agora mais que nunca com seus 7 meses, venho me afastando com bastante dificuldade das relações nada saudáveis e nesse caso, além do meu pai que já me afastei, a mais difícil é a minha mãe. 

Sou filha de uma mulher forte como todas nós somos, mas uma mulher que não cresceu, uma menina em corpo de mulher. Uma menina que já muito cedo no ventre da sua mãe foi completamente ignorada, pois essa mesma mãe minha vó também era uma menina em corpo de mulher. Meninas não são boas mães, meninas ignoradas e não amadas por suas mães são piores ainda. Acho que toda mulher que tomou consciência que foi criada por uma mãe narcisista sabe que no fundo não teve mãe. Quando li isso eu realmente fiquei um pouco chocada, pois sempre fiz um esforço enorme achando que eu sempre fui uma má filha e pessoa. Mas a verdade não é essa e só nós mulheres que passamos pela tortura psicológica por ter uma mãe assim sabemos disso. E eu também tenho um pai narcisista, mas a relação com a mãe é viceral, profunda. E como mãe e filha, eu sei na pele das duas o que significa. 

Eu sou profundamente, loucamente, exageradamente apaixonada por minha filha, é um amor que nunca senti dessa forma por nenhum ser humano, é um amor desses que não nos importa a nossa vida, que o sangue ferve, a alma se alegra, o coração vibra, transborda de amor, sempre digo para minha menina que esse planeta é muito pequeno par ao que sinto. E sei e sinto ao mesmo tempo que não fui amada assim, e mal sei o que é ser acolhida ou ter recebido um abraço de verdade da minha mãe. 

Dói, mas a menina tem que crescer, uma filha precisa de uma mãe. E nesse momento é minha missão, o encontro mãe e filha, a partir de muitas gerações de mães narcisistas. Esse é meu poder. Eu tenho empatia apesar de ter crescido na frieza, apesar de ter uma mãe que investiu sempre no meu mal estar. 

É o começo de um encontro de alma com minha menina, que transforma cada pedacinho do meu corpo e da minha alma ao mesmo tempo que me afasto do nada saudável ambiente tóxico e disfuncional que eu cresci. Eu gostaria de poder ajudar outras mulheres, mas não sei o que ser amada por uma, tive mãe e vó que fizeram o seu melhor e eu sou muito grata, amo as duas, e aí que é o complexo dessa relação. Como se afastar de alguém que te deu a vida, você ama, mas te faz mal?

Vou contar minha forma de lidar com esta exaustiva situação. Eu só estou compreendendo isso aos 31 anos. Escrever é uma forma que me ajuda a lidar com essa questão para não tornar isso tão repetitivo na minha mente, pois os danos psicológicos e abusos emocionais são muitos, nós acabamos caindo em muitas armadilhas...


Acho que a primeira coisa é admitir que como li, é que tenho enfrentar tudo sozinha. Minha mãe nunca esteve presente nos momentos que eu mais precisava e isto segue agora sendo mãe. O distanciamento emocional é grande e no mundo dela seu sofrimento é o único que vale. Não quero aqui julgar , já julguei muito, minha relação com ela é um grande desencontro, passei a minha vida toda tentando entender, olhando sempre pra ela procurando o porque, mas sempre acaba em briga, discussão e muitas vezes eu já duvidei até da minha sanidade mental. Sim porque um mãe assim não aceita críticas, é rígida e mente sobre você e mente pra você. 

Quando menina acredito que minha rebeldia, e minha espiritualidade foi o que me salvaram. Espiritualidade tão pequenina? Sim, somente agora compreendo porque sou médium e porque sofri tanto nesse lar que nunca se importou com o que os outros sentiam. Eu vim sentindo tudo, uma tortura sem limites, sim sofri muito e quando falava de coisas além era ridicularizada ou ignorada. Sim os danos estão aqui, minha auto estima é baixa, apesar das pessoas virem uma mulher forte, grande, inteligente, criativa, etc. Para completar sou índigo, tenho o emocional fortíssimo, ainda tem muito para trabalhar internamente. Mas foi somente assim que se torna possível o passo que estou fazendo agora. Pois provavelmente estaria nas drogas ou em uma relação abusiva. É importante entender que sou um pessoa singular e tiro forças de não sei aonde. Mas se você mulher se identifica é sempre necessário ajuda de algum terapeuta se verdade, nada de terapias holística com pessoas pouco capacitadas que podem se aproveitar da sua dor, como é o movimento nova era. E por que eu digo isso?

Bem vamos lá, vou ver se eu consigo colocar alguns pontos que são importantes para nós mulheres que passamos por isso...

O primeiro é que tudo que escrevem sobre nós foi escrito por homens que naturalmente não sabem a experiência do que é ser mulher. Então analisem bem o que escrevem ou falam sobre as mulheres. Estamos ainda em um sociedade patriarcal, no domínio do pensamento do homem sobre a mulher. Mesmo as feministas com seus escritos, ainda estão pensando como homens (pois buscam igualdade e ocupar cargos) ignorando a essência tão perdida que é a feminina. Temos que pensar por nós, isso é um trabalho interno importante para a psique feminina. O sistema criou uma grande trama de dificuldades para nós mulheres podermos nos curar (religião, ideologia, pornografia, prostituição, casamento, feminismo, ideologias, espiritualidade nova era, etc.)...

Depois vem a questão cristã, a qual fui criada e muitas de nós no Brasil. De pai e mãe e tudo na nossa educação que nos coloca como submissas ou quando decidimos nos libertar de algo que nos faz mal, como eu estou fazendo, você será uma vilã. É uma divisão, santa e pecadora. Mulheres que falam o que pensam ou não obedecem, são punidas. No meu caso sempre fui invisível, fui criada em um lar disfuncional, uma mãe e vó narcisistas, manipulando a todos, se fazendo de vítima, e tudo o que eu faço de bom e tenho de poder completamente ignorado, sou a mulher invisível. Não tem nada pior para elas que a atenção não seja dirigida para si. Aí começa a rivalidade feminina e cresci com a rejeição.

Das terapias, eu busquei muitas e uma delas é a constelação familiar. Lá descobri que "tomei" o lugar dos meus pais quando criança e que minha criação foi fortemente marcada pela autoridade da minha vó, a qual até hoje aos 56 anos da minha mãe ela tenta agradar sem sucesso (é muito tempo!) e devido a essa relação tóxica ela viveu com meu pai, codepedente, e daí vem todos os traumas e confusões que vivi (relação conturbada, os dois são narcisistas) e somente depois de 30 anos de casada, depressiva e destruída internamente ela saiu desse casamento (história de muitas, mas muitas mulheres). E agora ela estando sozinha (nada mudou na nossa relação) eu pude enfim perceber, depois de me maltratar bastante emocionalmente que minha vida e tudo que minha mãe contou não é lá bem verdade. Falo porque é importante entender que conviver com uma mãe com essas questões psicológicas, é conviver com conflitos que sempre acabaram em brigas, raivas, jogar um contra o outro e por fim você leva a culpa, porque ela jamais vai pedir desculpas ou tomar responsabilidade. Então o que quero dizer que a constelação mostrou muitas coisa para entender sobre o sistema famíliar, porém fica a crença "o sucesso é a cara da mãe" por exemplo. Uma filha como eu não teve sucesso até agora, e eu fiz muito, mas muito esforço para olhar para relação de forma harmonica nessa abordagem, mas o afastamento dela é a única coisa possível. Para o meu bem psicológico e do meu bebê. Não há paz quando vivemos esse tipo de relação. E por isso temos que olhar dentro de nós, para nossa ferida, para nossa dor e optar por nós em primeiro lugar. Eu nunca fiz isso, agora mesmo me sinto culpada de me afastar, sendo que nunca se preocuparam comigo ou com o que eu sinto. Porque nós mulheres temos que nos maltratar assim? Tomem cuidado com as terapias, e as terapeutas que romatizam as relações familiares. Sim, eu indico a constelação, mas nesse caso específico digo que não é bom fazer a aproximação física. Eu trabalho de longe, agradecendo pela vida que me deram e por tudo mesmo, eu sou cada vez mais grata, ainda mais agora com a minha menina, mas relação não é possível se quero estar bem emocionalmente para poder criá-la.

Além do patriarcado, das questões cristãs, das terapias e terapeutas, eu passei por tudo isso por isso posso falar. O que nos resta é aprender a confiar na nossa sabedoria feminina, temos que nos ajudar a confiar em nós mesmas. Sim é difícil, se você como eu teve que crescer muito rápido porque seus pais são infantis, negligentes, egocéntricos e investem no teu mal estar, você sabe o peso que carregou até agora. Mas é hora de ser mulher, tomar a própria vida com as mãos, nossas filhas precisam de nós, precisam de uma história linda de amor entre mãe e filha, precisam urgentemente. 

Eu sinto muito pela minha mãe e sua menina ferida e e não amada, eu tentei muito curá-la, eu me tornei terapeuta, eu sou médium, índigo, imagina a minha vida!!! Um turbilhão de emoções, sentir, visões e o que você recebe é só frieza e falta de empatía, ou , "fale menos", "quando olho pra você lembro que tudo deu errado", "seja menos", etc. Tudo para te derrubar e fazer que você se sinta tão mal para se igualar a ela. É pesado eu sei, mas temos que crescer, eu quero seguir em frente sem mochilas pesadas, e para isso tenho que pagar o preço. Eu adoraria ter uma boa relação com a avó da minha pequena mas neste momento não é possível, até minha menina já está afetada. Porque o nosso amor incomoda, até o meu amor pela minha filha é bombardeado. Nossa, não é fácil, mas vamos lá com amor por nós mesmas, compaixão pela nossa linhagem e muita sinceridade com o que nos passa viver nossa vida. Eu escrevo porque não tenho ninguém e quando as pessoas romantizam essa história triste e cruel que passamos não nos ajuda. 



Espero que possa ajudar mulheres que como eu passam por isso com algumas palavras, que não estão sozinhas, que ainda amam, tem alma, são criativas, que honram o sagrado em si, eu sinto que tudo deu errado, mas não, não posso acreditar nisso, não acreditem!!! Vamos recomeçar mesmo cansadas, vamos amar nossas filhas, beijá-las muito, olhar em seus olhos, abençoar seus úteros, o quão divinas mulheres irão se tornar. Assim como nós que passamos por todo o abuso emocional e psicológico por nossas mães, meninas não amadas, mas que mesmo assim fizeram o que podiam por nós e agora nós que crescemos e enfrentamos tudo sozinhas, como os felinos, como uma pantera negra que passou pela escuridão, vamos iniciar nossas filhas nos mistérios da vida, vamos nos tornar o que viemos ser. Vamos caminhar por essa terra como bruxas, sacerdotisas, olhando o bem, o amor, sem necessidade de parecer nada, apenas sentir o contrato que fizemos com a terra e retormar nosso poder.

Bruna Luz da Lua

 É desta oração que derivou a versão atual do "Pai-Nosso".Ela está escrita em aramaico, numa pedra branca de mármore, em Jerusalém...